Os últimos meses foram bem intensos por aqui em termos de trabalho. Negligenciei várias atividades que faziam parte da minha rotina de autocuidado, como a hidroginástica (o frio do inverno atrasado não ajudou), as caminhadas para ver tartarugas, as pedaladas de Nitbike, as colagens.
Uma das lições mais cruéis da vida adulta é descobrir que ninguém vai cuidar de você. Suas consultas médicas é você quem tem que marcar, a terapia é você que corre atrás, sua comida é você quem faz. Mesmo quem tem a sorte de contar com os pais para certas coisas, como eu tenho, não pode depender deles para toda e qualquer banalidade do dia a dia. E tende a ser assim pra vida toda. Quem tem filhos pode ser cuidado por eles na velhice, mas não deve contar com isso — nem ter filhos pensando nisso. No fim do dia, é você consigo mesmo.
Exceto pelos amigos. Quando o colo de mãe falta, são eles que estão sempre prontos pra nos acolher com um abraço e palavras de encorajamento. Mais de uma vez em diferentes grupos de amigos rolou a conversa de construir um condomínio pra morarmos todos juntos na velhice e um segurar a barra do outro.
Nesses últimos meses, passei semanas inteiras enfurnada em casa, diante do computador, trabalhando e arrancando os cabelos cada vez mais brancos. Não fosse a visita de um amigo que mora longe, talvez tivesse tido minha primeira crise de burnout.
Felizmente, com a desculpa de aproveitar a rara companhia, saí em passeios para ver o pôr do sol de um mirante, visitei o aquário, fui a dois museus, jantei fora, reassisti filmes preferidos, assisti a uma roda de choro perto de casa, recebi amigos pra um fondue no dia mais frio do ano e fui à praia quando o sol voltou.
Com a partida do amigo, tive medo de voltar à insalubre rotina estressante que eu tinha estabelecido e um belo dia resolvi mudar. Em uma semana, comprei um esfoliante corporal, agendei hora pra pintar o cabelo e fazer pé e mão, cozinhei refeições saudáveis, saí para caminhar e me rematriculei na academia, para não deixar de me exercitar mesmo diante das intempéries. Começar já é metade de toda ação, diz um ditado antigo.
É simbólico que essa minha busca por autocuidado se dê em setembro, quando o inverno dá seus últimos suspiros para deixar entrar a primavera, e com ela, meu aniversário. Renascer é doloroso; pede passos de bebê.
Que esta cartinha seja um lembrete pra você não deixar de se cuidar por aí.
Com carinho,
Luiza
Recomendações
Para ler📚
Dentes de leite, livro de contos de Antônio Pokrywecki (Cachalote, 2024)
Línguas soltas, plaquete de poesia de Thaís Campolina (Primata, 2024)
Trombando em jeitos, livro de poesia de Alex Moura em pré-venda (TAUP –
, 2024)
Para ver📽📺
Only murders in the building (Disney+). Mais uma temporada brilhante dessa série de comédia sobre um ator esquecido (Steve Martin), um diretor de teatro fracassado (Martin Short) e uma millenial sem perspectivas (Selena Gomez) que investigam assassinatos bizarros para seu podcast.
Merlí: sapere aude (Netflix). Uma grata surpresa essa continuação da série catalã Merlí, que acompanha o bad boy Pol Rubio seguindo os passos de seu mentor para se tornar professor de filosofia enquanto navega as complexidades da vida adulta, as novas amizades, a afirmação da bissexualidade e uma relação de admiração e decepção por sua nova mentora. Atenção aos mais sensíveis: bumbum de fora logo na primeira cena e muitos nudes ao longo da primeira temporada. 🔥
Agenda📅
Eventos em Niterói
Terça, 10/09, às 18h: sarau e autógrafos na Sala Carlos Couto. Rua XV de Novembro, nº 35, Centro.CanceladoQuinta, 12/09, às 20h: sarau do Coletivo Com Versar no São Dom Dom. Rua Gal. Osório, nº 5, São Domingos.
Eventos online
Sexta, 20/09, às 19h: Casa das Poetas com Lílian Sais e seu O livro do figo, semifinalista do Prêmio Oceanos. Inscreva-se aqui.
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Amei! Também queria morar em um condominio de amigos. Meus planos p velhice é entrar pra um clube da terceira idade...
era bom quando tinha os pais pra resolver tudo o que a gente precisava, né? esse negócio de ser adulto é muito difícil às vezes.