Luiza ao espelho// Telegramas

um devaneio e uma prova de vida

me olho no espelho. sou duas. me amo em dobro. me procuro no espelho. sou duas. me perco em dobro. mergulho no espelho. sou duas. me afogo em dobro. me parto no espelho. sou duas. me corto em dobro. me canso no espelho. sou duas. me gasto em dobro. me esqueço no espelho. sou duas. me guardo em dobro. me encontro no espelho. sou duas. me resgato em dobro. me espelho no espelho. sou duas duas. me dobro em dobro. me dobro no espelho. dou suas. me abro em espelho.

*

buscar algo. buscar a si. buscar a si dentro de si. buscar a si dentro de si dentro de si. buscar a si dentro de si dentro de si dentro de si até sair de si. sair de si e se ver em si sobreposta a si. perder a si. perder-se em si. em si perder a si. suspender a busca. permanecer perdida.

*

abraçar a partida

adiar a despedida

perder de vista

vestir a perda

em poesia

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Esta edição é mais uma prova de vida, um alô pros novos leitores e um jeito de dizer que ainda estou por aqui. Tenho ruminado alguns textos desde o mês passado, mas ainda não acertei o ponto. Por enquanto, fiquem com esses telegramas do que tem rolado por aqui.

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Telegramas

• Assisti Édipo REC, releitura da peça de Sófocles pelo grupo teatral Magiluth, de Recife, no Rio. Que revolução! Colocou minhas definições de teatro interativo no chinelo e transformou o palco numa grande pista de dança onde a plateia é testemunha em primeira mão da tragédia de Tebas. Se a peça passar por aí, apenas vá.

• Participei de mais uma edição da Flopei RJ no fim de abril e lembrei como é gostoso vender meus livros.

• Também participei do evento Dia Mundial do Livro da Fundação de Arte de Niterói com minha oficina de plaquetes e lembrei como é gostoso fazer algo com as mãos.

• Encontrei a

  Thaís Campolina
  no lançamento de estado febril no Rio e foi uma delícia encontrar com ela e outros poetas da
  Fazia Poesia
  e de outros cantos.

• Um poema d’O livro das pedras.

• O mestrado segue ocupando a maior parte da minha agenda. De maio a agosto vou apresentar trabalhos em três congressos e dar uma aula no curso de tradução de poesia do meu orientador. Ainda não me sinto confiante, mas quero em algum momento trazer o tema da minha pesquisa para cá.

• O próximo encontro da Casa das Poetas vai ser no dia 29/05 às 20h, online e gratuito, sobre o livro da Camila Felix Amassando o pão que o diabo me deu. Inscreva-se aqui e venha ler com a gente!

  carlaguerson

  

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Leituras

• O último dia da infância,

  Marcelo Moutinho
  . Relatos bem cariocas, causos de botequim, lembranças de infância, histórias de família, momentos marcantes do futebol… muita gente escreve crônica, mas crônica boa que te faz .

• Passagem para lugar nenhum,

  Christian von Koenig
  . Neste romance, um jovem atormentado vaga sem rumo pela América Latina até se perder no labirinto de uma paixão devastadora que o obrigará a se confrontar com o passado de que tenta fugir. O tema não me seduziu de início, mas o narrador em primeira pessoa me cativou até a última página.

Filmes

• A Batalha da Rua Maria Antonia, de Vera Egito. 16 planos sequência em pb.

• Sem chão, de Yuval Abraham, Rachel Szor, Hamdan Ballal, Basel Adra. Devastador.

• Nonnas, de Stephen Chbosky. Comédia divertida e familiar.

• Cidade dos Sonhos, de David Lynch. Ainda estou me recuperando da experiência mas veria tudo de novo.

A próxima carta vai ser uma edição “Lendo fora de casa” e deve demorar menos que esta pra chegar. Até!