Desde que comecei essa newsletter, faço um esforço de enviá-la sempre no mesmo dia, no mesmo horário. Escolhi o domingo de manhã por ser um dia mais preguiçoso e também porque me remete a uma antiga tradição: ler o jornal de domingo.
Quando eu era criança, o jornal era com um despertador. O som das páginas de jornal sendo viradas pelo meu pai na sala vazia, ecoando e reverberando pelo espaço. Depois, já adolescente, passei a ler os jornais de domingo junto com a minha mãe. Ou assinávamos ou comprávamos na volta das caminhadas semanais. Eu gostava principalmente de ler a revista de domingo, em especial as crônicas da Martha Medeiros. Queria ser como ela quando crescesse, jornalista, autora de livros e dona de uma coluna fixa no jornal.
Autora de livros eu já sou. Agora, sou também colunista do meu próprio semanário, embora ainda esteja tateando e experimentando sobre o que escrever neste espaço. Este texto, por exemplo, comecei a escrever ao meio-dia de domingo. O texto que eu ia enviar originalmente eu comecei a escrever no início da semana e já estava quase pronto. O que mudou de lá pra cá que me fez perder o controle do planejamento? Sei lá, tanta coisa. Todo dia tem algo novo para contar e a Luiza de terça-feira já não é a mesma da Luiza de domingo de manhã. Mas quem se importa com o que era pra ser e o que acabou sendo? Não tenho editor, não tenho um emprego de colunista para perder se escrever a coisa errada. Eu é quem dito o que quero ou não escrever. Por que ainda me prendo a uma ilusão de ter controle sobre as coisas? Papo de terapia.
Em algum momento da semana me aborreci por causa disso. A falta de controle. Queria ter feito algo perfeito e não deu. Minha reação foi querer abandonar a coisa toda. Levei uma bronca da minha mãe. Como eu podia ser tão inflexível? Ser tão fluida em minha poesia e tão rígida na minha vida? Sacudi a poeira e tentei de novo. Fiz o melhor que pude, ainda que imperfeito. Mas pelo menos eu fiz.
Como esse texto. Atrasado, fora do planejado. Mas pelo menos, honesto. Afinal, como já disse Aline Valek, não faz sentido ser outra coisa na escrita se não honesta.
Bienal do Livro 2023
Segunda-feira fui à Bienal. Acho que foi a primeira vez desde 2015. Dessa vez, foi especial: minha primeira vez como autora. Enfrentei quase todos os modais de transporte para chegar ao Riocentro: barca, VLT, metrô. Chegando na Barra optei por fazer o resto do trajeto de Uber, se não faltaria energia para caminhar pelos três pavilhões o dia todo.
Fui com uma listinha de livros que precisava comprar, acabei levando outros que descobri na hora (viva a lábia dos vendedores) e da minha lista inicial foram só dois meses. Acontece.
Mas, pela primeira vez, consegui assistir às conversas do Café Literário. Uma mesa sobre o poder transformador do livro, com Ivan Errante Costa, Iris Figueiredo, Priscila Sztejnman e Henrique Rodrigues (mediação de Claudia Lamego) e outra sobre poesia contemporânea com Natasha Felix, Letrux e Carol Dall Farra (mediação de Leonardo Marona). Dá para assistir as duas convesas aqui.
Além de encontrar os autores da programação oficial, também encontrei colegas autores de Niterói e fiz uma nova amizade literária com uma poeta mineira que lança livro em breve.
Microfone aberto
Na quinta-feira participei do Sarau Múltiplo em Botafogo organizado pela Gabriela Novellino. Diferente de outros saraus literários que tenho frequentado, esse teve também apresentações de dança, bandas e cantores pra equilibrar as leituras poéticas. Me diverti bastante e pude ler meus poemas pra mais gente.
Mais leituras
Não bastasse a orgia literária da Bienal, sábado foi dia de mimos no curso do Núcleo de Formação em Expressões Artísticas que estou fazendo no Sesc Niterói. Ganhei uma bolsa e alguns dos livros que estamos estudando na formação:
Agenda 📅
Segunda-feira, 11/09 às 19h vou participar do Miudezas Literárias online com outras duas poetas que admiro muito, Beatriz Caldas e Mariana Imbelloni. A mediação será da generosa Thaís Campolina, curadora do evento. É grátis, pelo Google Meet, basta se inscrever aqui.
Terça-feira, 12/09, tem Corujão da Poesia em Copacabana, talvez eu dê uma passadinha lá.
Quarta-feira, 13/09, das 14h às 18h tem Literatura na Varanda no São Dom Dom na Catareira, em Niterói.
Sábado, 16/09, das 15h às 17h, participarei do sarau de lançamento da edição nº 4 da Revista Lira na Livraria Ponte, em Niterói.
O que eu li essa semana 📚
Morada em edição, da Priscila Pinheiro (poesia).
Fogo de palha, da
(poesia). É o próximo livro do clube de leitura Casa de Poetas que acontece dia 27/09 das 20h às 21h30 pelo Zoom. Faça sua inscrição gratuita aqui.
Estou com essa mesma dificuldade de manter um editorial das novidades pq a Leila que escreve o primeiro rascunho raramente está de acordo com a Leila que vai editar a versão final do texto. 😅
Adorei!❤️