De fato me perguntei se o melhor não teria sido começar uma carta diretamente para você, mas algo no formato de carta compartilhada inibe essa fórmula. Mas quão poético é escrever uma carta para alguém em uma newsletter que se propõe a escrever cartas para ninguém? Acho que isso fala um pouco do processo da escrita em si. Escrevemos para um outro invisível, e quando nos adressamos à alguém, ainda é escrita?
No mestrado de escrita criativa aprendi o termo bioficção. Ou biografia + ficção. Esse termo define um tipo específico de escrita, a das biografias ficcionadas, ou textos inspirados de pessoas reais que, ao invés de buscar o relato realístico do fato, ficciona. Oras, mas não seriam todos os textos ficcionais? Em todo texto há, de fato uma parte de ficcionalização, romantização, deturpação. Uma história pode ser contata de infinitas maneiras e é por isso que a literatura (e as histórias) continua viva.
Mas o interessante é que não é preciso contar tudo para se ter uma história. E a nossa se cruzou em vários momentos e mesmo sem saber cada detalhe (afinal quem sabe cada detalhe de sua própria vida, não é mesmo), ainda assim, somos narrativas (espécies fabuladoras, como diria Nancy Houston). Somos conjuntos de histórias que se cruzam com outras histórias, como no livro que eu li, e no livro que você citou. Fragmentos compartilhados, conversados, silenciados, diálogos do que conseguimos perceber de nossa existência.
E talvez nesse não falar, acabamos falando muito mais. É no silêncio que nos percebemos e na escrita que nos sentimos. Ou algo assim.
E assim, sem querer, te faço também uma carta em comentário. Se pode carta pública em post, deve poder carta pública em comentário. Espero.
De fato me perguntei se o melhor não teria sido começar uma carta diretamente para você, mas algo no formato de carta compartilhada inibe essa fórmula. Mas quão poético é escrever uma carta para alguém em uma newsletter que se propõe a escrever cartas para ninguém? Acho que isso fala um pouco do processo da escrita em si. Escrevemos para um outro invisível, e quando nos adressamos à alguém, ainda é escrita?
No mestrado de escrita criativa aprendi o termo bioficção. Ou biografia + ficção. Esse termo define um tipo específico de escrita, a das biografias ficcionadas, ou textos inspirados de pessoas reais que, ao invés de buscar o relato realístico do fato, ficciona. Oras, mas não seriam todos os textos ficcionais? Em todo texto há, de fato uma parte de ficcionalização, romantização, deturpação. Uma história pode ser contata de infinitas maneiras e é por isso que a literatura (e as histórias) continua viva.
Mas o interessante é que não é preciso contar tudo para se ter uma história. E a nossa se cruzou em vários momentos e mesmo sem saber cada detalhe (afinal quem sabe cada detalhe de sua própria vida, não é mesmo), ainda assim, somos narrativas (espécies fabuladoras, como diria Nancy Houston). Somos conjuntos de histórias que se cruzam com outras histórias, como no livro que eu li, e no livro que você citou. Fragmentos compartilhados, conversados, silenciados, diálogos do que conseguimos perceber de nossa existência.
E talvez nesse não falar, acabamos falando muito mais. É no silêncio que nos percebemos e na escrita que nos sentimos. Ou algo assim.
E assim, sem querer, te faço também uma carta em comentário. Se pode carta pública em post, deve poder carta pública em comentário. Espero.
os silêncios são importantes para valorizar o som. e vice-versa.